Jorge de Lima - Invenção de Orfeu
Um barão assinalado sem brasão, sem gume e fama cumpre apenas o seu fado: amar, louvar sua dama, dia e noite navegar, que é de aquém e de além-mar a ilha que busca e amor que ama. Nobre apenas de memórias, vai lembrado de seus dias, dias que são as histórias, histórias que são porfias de passados e futuros, naufrágios e outros apuros, descobertas e alegrias. Alegrias descobertas ou mesmo achadas, lá vão a todas as naus alertas de vária mastreação, mastros que apontam caminhos a países de outros vinhos. Esta é a ébria embarcação. Barão ébrio, mas barão, de manchas condecorado; entre o mar, o céu e o chão fala sem ser escutado a peixes, homens e aves, bocas e bicos, com chaves, e ele sem chaves na mão. A ilha ninguém achou porque todos a sabíamos. Mesmo nos olhos havia uma clara geografia. Mesmo nesse fim de mar qualquer ilha se encontrava, mesmo sem mar e sem fim, mesmo sem terra e sem mim.
Um barão assinalado sem brasão, sem gume e fama cumpre apenas o seu fado: amar, louvar sua dama, dia e noite navegar, que é de aquém e de além-mar a ilha que busca e amor que ama. Nobre apenas de memórias, vai lembrado de seus dias, dias que são as histórias, histórias que são porfias de passados e futuros, naufrágios e outros apuros, descobertas e alegrias. Alegrias descobertas ou mesmo achadas, lá vão a todas as naus alertas de vária mastreação, mastros que apontam caminhos a países de outros vinhos. Esta é a ébria embarcação. Barão ébrio, mas barão, de manchas condecorado; entre o mar, o céu e o chão fala sem ser escutado a peixes, homens e aves, bocas e bicos, com chaves, e ele sem chaves na mão. A ilha ninguém achou porque todos a sabíamos. Mesmo nos olhos havia uma clara geografia. Mesmo nesse fim de mar qualquer ilha se encontrava, mesmo sem mar e sem fim, mesmo sem terra e sem mim.